INÍCIO > BLOG > Desmitificando a Sucessão Familiar
Blog fb linkedin e mail 02

Desmitificando a Sucessão Familiar

Postado Qui, 24 de Janeiro de 2019, 09:12:00

As famílias são muito parecidas, em qualquer lugar do mundo.

Existe a união, o companheirismo, o apoio incondicional porém também ocorrem as brigas, separações, disputas de ego, as discordâncias entre os projetos necessários e os sonhos. Todos conhecemos essas situações.

Sendo a família um elo tão importante para a formação do caráter de uma pessoa, é praticamente impossível pensar em desfazer todas estas ligações emocionais entre seus integrantes apenas porque estão juntos, trabalhando em uma empresa, regendo um mesmo negócio. Isso é um enorme problema porém, há solução.

O Receio do futuro inevitável

O maior medo dos gestores de empresas familiares está na possibilidade de turbulência durante o período de sucessão na regência, e seu maior erro é justamente provocado por este medo: não começar cedo e adequadamente a preparação da sucessão.

Uma realidade no Brasil é a dificuldade de sobrevivência das empresas de gestão familiar.

Segundo dados levantados pela FIESP (Federação das Indústrias do estado de São Paulo ), até o ano de 2014 a estatística relacionada a durabilidade deste padrão de organização era de apenas ¼ delas conseguindo passar da primeira para a segunda geração de administradores. E destas, somente 10% sobrevivendo até a quarta geração de gestores.

Quais as raízes deste problema?

As principais causas da dificuldade na transição envolvem tanto a postura da família dentro da empresa como o posicionamento dos gestores - relacionados a seus parentes e bens - dentro dela.

Por um lado temos a enorme dificuldade em separar tudo o que ocorre fora da organização daquilo que acontece dentro dela e que deve ser levado em conta na gestão. Questões pessoais refletindo diretamente na tomada de decisão, tolhendo ou desestabilizando o gestor.

Em outro ponto temos a dificuldade na separação das despesas, documentos e bens de pessoas físicas e jurídicas, causando transtornos principalmente quando - no caso de sócios irmãos ou esposos - seus filhos passam a participar da empresa.

A ausência de informações sobre a divisão correta dos bens, ações, lucros e prejuízos são as maiores causas de disputas judiciais na segunda geração das empresas.

Ainda falando sobre a segunda geração - a mais desafiadora - quando as famílias aumentam mais do que o empreendimento que as sustenta, acontece a chamada “sangria da empresa”:  ela é rentável, tem bons negócios, cresce na medida do possível mas os lucros desaparecem, ao ponto do crescimento estagnar e entrar em declínio.

Como conter ou reverter essa situação?

O coordenador do curso de Gestão de Empresas Familiares da FGV (Fundação Getúlio Vargas), professor Rogério Tsukamoto, trabalhando com processos de sucessão em empresas familiares a mais de 26 anos, tem algumas ponderações valiosíssimas sobre essas situações, tornando mais claras as saídas possíveis.

Destacamos aqui duas delas que elucidam pontos cruciais para a transição:

 

Toda empresa precisa ter alguém preparado para assumir tudo o que seja necessário, a qualquer tempo”

A melhor saída para a suavidade na transição é a apresentação da empresa de forma paulatina, desde cedo, aos filhos. Desta maneira os gestores poderão dar foco aos que demonstrarem interesse, da mesma forma que poderão dar liberdade aos que não se interessarem pela empresa.

Essa compreensão de que a organização deve ser um legado para as futuras gerações deve acontecer de ambos os lados. Da mesma forma, os gestores precisam entender que muito provavelmente em algum momento, um dos herdeiros não irá querer tocar os negócios, e devem aceitar isso.

Caso o processo de familiarização com a empresa tenha acontecido desde cedo, isso  poderá ser percebido muito antes do momento da transição, permitindo que sejam recrutados gestores externos à família para prosseguir com o empreendimento.

Sobre isso, o professor Tsukamoto ressalta:

É melhor ter um gestor nomeado, que pode ser da família ou não mas que esteja totalmente capacitado, integrado e interessado pelo negócio do que ter na empresa um familiar desgostoso, que assumiu o negócio por pressão dos pais e que invariavelmente fará uma péssima administração”

Para que isso possa ocorrer também é importante pensar nos instrumentos jurídicos que garantirão direitos e deveres de todos os herdeiros, como testamentos, revisões de contratos sociais e a importantíssima separação dos ativos da empresa entre pessoas física e jurídica, de cada um dos sócios.

Preparar-se bem para tudo

A compreensão do processo de transição de gestores deve ser um exercício diário, que inicia-se junto com a abertura da empresa.

Deixar espaço para as novas gerações chegarem, com confiança em suas potencialidades e paixões, e afastar de si o ímpeto de retomar as rédeas de tudo tendo plena convicção de que a organização está em boas mãos é algo construído, não pode ser feito da noite para o dia.

Essa preparação portanto deve ser sempre uma das maiores metas das empresas realmente visionárias.

Ter profissionais capacitados e neutros para conduzir o processo

Aliados a preparação prévia da família, é importante contar com profissionais sérios, neutros, e altamente capacitados para conduzir essa transição tanto interna quanto externamente, visando ao melhor resultado para a organização. Conseguir aliar este momento a um planejamento estratégico de qualidade, com apurações de resultados constantes, e uma estrutura societária embasada nas melhores práticas disponíveis trará transparência e confiança a todos os envolvidos.

Para isso, conte com a nossa equipe multidisciplinar e nossos parceiros jurídicos, que poderão embasar este momento com a cautela e cuidados necessários para o sucesso da transição.

Fonte:

Comentar

ENVIAR

0 Comentário(s)